Importância da literacia em saúde no controlo da pressão arterial em populações especiais: o caso das crianças/adolescentes e dos idosos
DOI:
https://doi.org/10.30827/dreh.v0i14.7500Palabras clave:
Educação para a Saúde, , pressão arterial, hipertensão arterial, idosos, criançasResumen
A compreensão dos fatores que modulam a saúde e o bem-estar constitui um aspeto crítico para a preservação do bom funcionamento do Homem, nas suas diversas dimensões. Numa época em que o envelhecimento populacional se assume como um desafio estrutural, a adoção de estratégias de preservação da saúde ao longo da vida assumem-se como essenciais, e entre estas, a literacia em saúde é reconhecidamente decisiva. Alguns estudos têm-se debruçado sobre a importância da educação para a saúde na promoção de um sistema cardiovascular mais saudável, debruçando-se, entre outros aspetos, no efeito ecológico de um maior conhecimento em saúde sobre a pressão arterial. Perante esta circunstância, realizamos dois trabalhos com o objetivo de identificar benefícios de um programa de educação para a saúde sobre a pressão arterial em duas populações especiais: crianças/adolescentes e idosos. Para tal, constituíram-se duas coortes de estudo: coorte A – crianças/adolescentes (idades entre os 5 e os 17 anos à data de inclusão); coorte B – idosos (idades entre os 65 e os 90 anos à data de inclusão). A coorte A foi constituída por 3550 famílias e a coorte B por 45 idosos. Em ambas as situações, o desenho experimental implicou uma avaliação cardiovascular basal, seguido de um programa de educação para a saúde estruturado e individualizado (manipulação experimental), centrado nos fatores de promoção de saúde cardiovascular ajustados a cada tipo de população, e reavaliação num contexto de follow-up anual. No follow-up da Coorte A, identificou-se por entrevista um grupo de famílias que referiram ter ajustado os seus comportamentos de vida (grupo ativo: n=1150) contrastando com outro que referiu não ter feito grandes ajustamentos (grupo controlo: n=2400). A análise do comportamento da pressão arterial identificou uma redução de 1.43 mmHg na pressão sistólica e de 0.63 mmHg na pressão diastólica no grupo ativo, mantendo-se diferenças tensionais na ordem dos 1.71 mmHg para a pressão sistólica e de 0.59 mmHg para a pressão diastólica entre o grupo ativo e o grupo de controlo ao fim de 2 anos de seguimento. Na coorte B, a intervenção fez-se também acompanhar de uma redução significativa da pressão arterial, aumentando a percentagem de doentes hipertensos controlados de 51.2% (basal) para 74.4% (pós-intervenção), explicado em grande medida por um aumento significativo na adesão à terapêutica conseguido pelo programa de educação (passando de 11.6% para 79.1%; p<0.05).
Os resultados demonstram de forma particularmente robusta os benefícios e eficácia complementar da educação para a saúde no ajustamento das trajetórias da pressão arterial ao longo da vida, para níveis biologicamente mais benéficos para o indivíduo, sendo também claro que uma intervenção estruturada em faces precoces da idade cronológica se poderá traduzir em ganhos de saúde a longo prazo, justificando a introdução destas estratégias complementares de intervenção nas estratégias de prevenção primária, e na promoção de um envelhecimento ativo e saudável.
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