Anatomia de um fracasso. As consequências do paradigma de paz liberal através da experiência salvadorenha.
Contido principal do artigo
Resumo
Os processos de construção da paz desenvolvidos ao longo da década de 1990 revelaram-se desprovidos dos instrumentos necessários para assegurar realidades pacíficas onde quer que tenha havido intervenção; e por esta ordem, os desafios internos dos países intervenientes ultrapassaram, na maioria dos casos, a capacidade de resolução de conflitos dos acordos alcançados. Este é, de facto, o caso do istmo centro-americano, onde os modelos de intervenção pacífica conduzidos em países como a Nicarágua, Guatemala e, no nosso caso, El Salvador, colocaram desde o início sérias dificuldades em termos de assumir uma gestão nacional de acordo com os postulados de paz positiva. Pelo contrário, a maioria deles ainda apresenta situações de fraqueza institucional, corrupção, tendências autoritárias e extrema desigualdade social. Neste contexto, o artigo seguinte visa rever e avaliar o cumprimento dos Acordos de Paz de Chapultepec, que puseram fim à guerra civil salvadorenha em Janeiro de 1992. Com este objectivo em mente, a investigação será baseada em dois eixos: por um lado, a influência do paradigma neoliberal quando se trata dos projectos de intervenção pacífica dirigidos pelas Nações Unidas; e por outro, a experiência histórica que El Salvador viveu após a assinatura dos Acordos.