
Legrady, Suzanne Maria. (2019). Um projeto de aproximação da história e da sociolinguística rumo ao
entendimento das dissimetrias humanas... MODULEMA. Revista Cientíca sobre Diversidad Cultural,
3, 27-44. DOI: http://dx.doi.org/10.30827/modulema.v3i0.8373
MODULEMA | ISSN: 2530-934X | VOLUMEN 3. ARTÍCULO 2. PÁGINAS 27-44 | 33
Inspirados por tal citação, a partir daqui, parece-nos muito oportuno entrelaçar o papel da
Sociolinguística no processo de (re)conhecimento de multiplicidades. Reitamos, portanto,
sobre um dos objetivos da Sociolinguística:
(...) os padrões de comportamentos linguísticos observáveis dentro de uma comunidade
de fala e os formaliza analiticamente por meio de um sistema heterogêneo, reconhecendo
a língua como uma realidade essencialmente social. Foi estabelecido como ponto
essencial de investigação histórica, a localização do fenômeno sob mudança tanto no
contexto estrutural (interno), quanto no contexto social (externo), pois, para eles, os
estudos empíricos revelam a língua como um sistema que muda, em associação com as
mudanças na estrutura social. (Orlandi, 2003, p. 102).
Sigamos nosso raciocínio, orientados por alguns dos aspectos abordados por Jan Blommaert
(professor de estudos da linguagem, cultura e globalização da Tilburg University), o qual
nos apresenta a Sociolinguística da Globalização (2017), por meio da qual construiu sua
teoria sobre a transformação da língua(gem) no contexto de uma sociedade que está em
constante processo de profundas mudanças. A língua(gem) humana (e aqui explicamos
que não estamos apenas falando da “língua” enquanto expressão idiomática, mas sim de
uma linguagem que engloba outros elementos como o gestual e o semiótico) move-se no
contexto da globalização por meio de uma engrenagem que conecta diferentes comunidades
não mais estáveis e residentes, mas sim em movimento.
Foi a partir desta proposição que agregamos o “em movimento” aos “corpos”. Ou seja,
adotamos, assim, a nomenclatura “corpos em movimento” pelo fato de o mundo ter se
tornado uma complexa rede de comunidades interligadas por materialidades e simbologias
que se movem no plano da imprevisibilidade e das incertezas. Justamente por tal razão,
Blommaert (2017) propõe a revisão da compreensão da comunicação linguística. Ele nos
convoca para a reconsideração de temas como: localidades, repertórios, competências,
histórias e diferenças sociolinguísticas.
Não podemos nos esquecer de que a história contribui, em conjunto com as outras
disciplinas, para o desenvolvimento de conceitos cuja própria natureza e direção apontam
para conexões entre o passado e o presente, os quais denem e explicam eventos sociais
sincrônicos que, graças às suas próprias essências históricas, carregam pistas para as
análises e as interpretações de vários fenômenos relativos à trajetória dos seres humanos,
em diferentes escalas de tempo e espaço.
Todos os detalhes devem ser observados durante os contatos com sujeitos-narradores
de um acontecimento. Palavras, gestos, movimentos, olhares, sons, silêncios, sinais,
formas lexicais, idiomas em contato, formalidades e informalidades, posturas, atitudes,
recolhimento ou transbordo são aspectos que bordam as entrevistas de História Oral e que
precisam ser admirados, anotados e analisados com integridade e integralidade.