Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
161
COMPETÊNCIAS DE LEITURA E ESCRITA DOS
ESTUDANTES DO ENSINO PRIMÁRIO: CASO DE
ESTUDO DA ESCOLA PRIMÁRIA DA MANGA
Habilidades de lectura y escritura de estudiantes de primaria: estudio de caso
de la Escuela Primaria de Manga
Jerónimo Albino Feremo Corria Cessito
jacessito@gmail.com
https://orcid.org/0009-0005-7182-2153
Universidade Licungo (Moçambique)
Oscar Ulloa Guerra
osca.ulloa@unini.org
https://orcid.org/0000-0002-9505-7768
Universidade Federal do Grande do Sul (Brasil)
Recibido: 08/08/2023
Revisado: 17/11/2023
Evaluado: 16/02/2024
Aceptado: 11/05/2024
Resumen
El Sistema Nacional de Educación (SNE) de Mozambique, en particular su
subsistema de Educación Primaria, asume que los estudiantes adquieren
habilidades de lectura y escritura, expresión oral, cálculo y resolución de
problemas, como una forma de materializar su objetivo de formación básica en
las áreas de comunicación., natural, social, político-ideológica, histórico-
cultural, matemática y educación sica. Sin embargo, hay evidencia que
sugiere que un número significativo de niños de primaria no logran
efectivamente las habilidades de lectura y escritura, expresión oral, aritmética y
resolución de problemas. En ese contexto, este artículo procedió con la
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
162
evaluación del nivel de absorción de las habilidades de lectura, escritura y
cálculo de estudiantes de educación básica, en una muestra compuesta por 58
alumnos, de la escuela primaria de Manga, Cidade da Beira. Para ello, se
aplicó un conjunto de procedimientos insertos en una metodología mixta, que
permitió determinar que los estudiantes presentan deficiencias en todas las
dimensiones de las competencias evaluadas. Y según los especialistas, estos
vacíos no solo están asociados a la formación que ofrece el SNE, sino que
también incluyen la falta de participación de los tutores en el proceso de
enseñanza y aprendizaje.
Abstract
The National Education System (SNE) of Mozambique, in particular its primary
education subsystem, assumes that students acquire reading and writing skills,
oral expression, calculation, and problem solving, as a way to materialize their
training objective. basic in the areas of communication, natural, social, political-
ideological, historical-cultural, mathematics and physical education. However,
there is evidence to suggest that a significant number of primary school children
do not effectively achieve reading and writing, oral expression, arithmetic, and
problem-solving skills. In this context, this article proceeded with the evaluation
of the level of absorption of reading, writing and calculation skills of basic
education students, in a sample composed of 58 students, from the primary
school of Manga, Cidade da Beira. To this end, a set of procedures inserted in a
mixed methodology was applied, which made it possible to determine that
students have deficiencies in all dimensions of assessed competences. And
according to specialists, these gaps are not only associated with the training
offered by the SNE, but also include the lack of participation of guardians in the
teaching and learning process.
Resumo
The National Education System (SNE) of Mozambique, in particular its primary
education subsystem, assumes that students acquire reading and writing skills,
oral expression, calculation, and problem solving, as a way to materialize their
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
163
training objective. basic in the areas of communication, natural, social, political-
ideological, historical-cultural, mathematics and physical education. However,
there is evidence to suggest that a significant number of primary school children
do not effectively achieve reading and writing, oral expression, arithmetic, and
problem-solving skills. In this context, this article proceeded with the evaluation
of the level of absorption of reading, writing and calculation skills of basic
education students, in a sample composed of 58 students, from the primary
school of Manga, Cidade da Beira. To this end, a set of procedures inserted in a
mixed methodology was applied, which made it possible to determine that
students have deficiencies in all dimensions of assessed competences. And
according to specialists, these gaps are not only associated with the training
offered by the SNE, but also include the lack of participation of guardians in the
teaching and learning process.
Palabras Clave: Divulgación del conocimiento, Revista electrónica de acceso
abierto, Ciencias Sociales.
Keywords: Skills; Basic education; Education; Curricular plan.
Palavras chaves: Habilidades; Educação básica; Educação; Plano curricular.
Introducción
As orientações contidas no Plano Curricular do Ensino Primário (PCEP)
estabelecem a base para a implementação do Currículo do Ensino Primário,
revisto à luz da Lei número 18/2018 de 28 de dezembro. As disciplinas que
constituem o plano de estudos contribuem para o desenvolvimento e
consolidação das competências pelos alunos, educando-os no espírito de
unidade nacional, elevação do sentido patriótico, respeito pela cultura nacional
e outros valores que contribuem para a formação do homem moçambicano
(Plano Curricular do Ensino Primário, 2020, p. 05).
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
164
Ao definir as competências, o PCEB afirma e reitera o seu compromisso de que
a educação deve firmar valores, e estimular ações que contribuam para
estimular a transformação da sociedade. Trata-se de um processo dinâmico
que busca, continuamente, as melhores estratégias para responder aos novos
desafios que a continuidade, transformação e desenvolvimento da sociedade
(PCEB, 2003, p. 07). Então a educação tem de transformar a sociedade, mas a
sociedade vai se transformar através das ações das pessoas. Desse modo,
essas competências derivam da união de diferentes habilidades e valores.
Resumidamente, o currículo é usado como uma ferramenta para uma
educação que tende a voltar mais para o aluno, isto é, voltada para a
aprendizagem e seu desenvolvimento, a partir da aquisição de competências
capazes de serem aplicadas nos mais diversos contextos da sua vida.
Contudo, importa destacar que, segundo PCEP, poderá haver retenção no final
do ciclo de aprendizagem, nos casos em que o professor, a direção da escola e
os pais e/ou encarregados de educação cheguem a um consenso de que o
aluno não desenvolveu as competências previstas e, por isso, não beneficiará
de transição para o ciclo seguinte (Idem, 2020, p. 10).
O Ensino básico pressupõe que o aluno deva ter um fim que são as
competências, para que todos os indivíduos que terminem o ensino sico
tenham os conhecimentos necessários para ser um cidadão e se envolver no
mundo e ter uma profissão. Este ensino pretende que o aluno veja de forma
mais prática o conhecimento, ou seja, aprenda certo conceito e conhecimento e
possa usar em outras realidades (Idem, 2020, p. 98). Assim como desenvolver
noções de higiene pessoal, de relação com as outras pessoas, consigo próprio
e com o meio e de saúde e bem-estar (PCEP, 2020, p. 18). No entanto, ainda
segundo este documento, o ensino é baseado em competências, pois, esta
abordagem permite que o aluno aprenda no seu ritmo e mobilize
conhecimentos, habilidades e atitudes para a realização de uma atividade ou
tarefa (idem, 2020, p.27).
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
165
Propósito
Estudar a interação entre os factores socioeconómicos dos alunos do ensino
básico e o proceso de aquisição de competencias previstas no programa
curricular do ensino básico.
Fundamentación
Relativamente ao atual estado do ensino baseado em competências em
Moçambique, o Plano Estratégico da Educação para os anos de 2020-2029,
em seus objetivos e estratégias do Ensino Básico apresenta o sumário da
situação atual e estratégia para os referidos anos e visa “garantir a
aprendizagem de qualidade no que se refere as competências de leitura,
escrita, cálculo e habilidades para a vida” (Plano Estratégico da Educação
2020-2029, 2020, p. 78). No entanto, as competências gerais consubstanciam-
se na construção e desenvolvimento da aprendizagem do aluno, pois, quando
falamos de competências gerais referimo-nos a formação total. Assim o PCEB
tem em sua política o conceito de educação integral. Essa educação integral
que o PCEB (2003) propõe, refere-se ao compromisso de formar o aluno
integralmente, no desenvolvimento e formação global do indivíduo.
Na sua política geral a Lei 18/2018, de 28 de dezembro, estende a
Educação Básica para nove (9) classes e esta “confere competências
fundamentais à criança, jovens e adultos para o exercício da cidadania,
fornecendo-lhes conhecimento geral sobre o mundo que os rodeia e os meios
para progredir no trabalho e aprendizagem ao longo da vida”. De acordo com
esta Lei, a Educação Básica compreende o Ensino Primário (da a classe)
e o 1º Ciclo do Ensino Secundário (da 7ª a 9ª classe) (PCEP, 2020, p. 09).
A Lei 18/2018, de 28 de dezembro, preconiza um Ensino Primário de qualidade
como “o nível inicial de escolarização da criança na aquisição de
conhecimentos, habilidades, valores e atitudes fundamentais para o
desenvolvimento harmonioso da sua personalidade”.
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
166
As competências a desenvolver no Ensino Primário, estão escalonadas em
sete áreas, a saber: (a) Linguagem e comunicação; (b) saber científico, técnico
e tecnológico; (c) raciocínio e resolução de problemas; (d) relacionamento
interpessoal; (e) desenvolvimento pessoal e autonomia; (f) bem-estar, saúde e
ambiente; e (g) sensibilidade estética e artística. (Plano Curricular Do Ensino
Primário, 2020, p. 14). Pois o ensino baseado em competências tem em seu
pressuposto o conhecimento, a habilidade e a atitude. Esse ensino se da por
meio de indicadores, que são chamados de evidências pelas quais se avaliam
os alunos no ensino baseado em competências. Portanto são os indicadores
ou levantamento das evidencias que avaliam o conhecimento do aluno e se
verificam se estão alinhados com os objetivos e propósitos do ensino.
As competências a serem desenvolvidas pelos alunos, podem-se agrupar em:
competências de conhecimento, na qual o PCEB afirma que é preciso valorizar
e entender os conhecimentos e conteúdos, o que é, e para que serve, como
forma de mudar a sociedade. A competência do pensamento, que envolve o
pensamento crítico e criativo para exercitar a mente na resolução dos mais
variados problemas. A competência do repertório cultural, que se refere a
valorizações das diversas manifestações artísticas e culturais, a fim de ampliar
o repertório cultural do aluno. A competência da comunicação, que aborda a
comunicação em suas diferentes manifestações, firma a importância do aluno
saber se comunicar nos mais diferentes âmbitos da vida. Portanto como o
aluno comunica e como este é entendido. A competência do acesso a cultura
digital, que envolve as questões tecnológicas, pois, o aluno precisa
compreender, utilizar e ate criar as tecnologias, através do conhecimento da
utilização dos meios tecnológicos disponíveis. Pois o mundo digital esta
presente nos dias de hoje. A competência do trabalho e projeto de vida, que diz
respeita a importância da liberdade e de outros valores na escolha do exercício
do trabalho e no projeto de vida que o aluno tem, mas com liberdade e
autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
A competência da capacidade e argumentação do aluno, que propõe
capacidades de alunos argumentarem factos tendo como base os
conhecimentos adquiridos, a defesa do ponto de vista com base em dados e
informações confiáveis. A competência do autoconhecimento e autocuidado,
diz respeito a compreensão do autoconhecimento da sua individualidade, mas
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
167
também do coletivo. A competência da empatia e cooperação, envolve o
exercício do diálogo e o respeito pelos outros, promovendo a valorização do
direito humano, resolver os conflitos com diferentes pontos de vista, sem por
em causa o direito de todos em um ambiente democrático. A competência da
responsabilidade e cidadania, foca as ações pessoais e de todos para terem a
responsabilidade com base nos princípios de cidadania. Contudo o mesmo
documento, refere que os alunos “aprendem a saber ser, saber relacionar-se,
saber comunicar, saber partilhar, numa perspetiva de desenvolvimento
pessoal” (Idem, 2020, p. 14). Dessa forma PCEP materializa as competências
de forma específica de acordo com as disciplinas que compõem cada ciclo
(PCEP, 2020, p. 18):
No ciclo, o aluno desenvolve competências de leitura e escrita, de
contagem de números e realização das operações elementares de
matemática, de noções de higiene pessoal, de relação com as outras
pessoas, consigo próprio e com o meio e de saúde e bem-estar. De
igual modo, a escola tem a função de estimular os alunos a
conhecerem e entenderem as diferenças, a respeitarem os mais velhos,
a serem honestos e solidários.
No ciclo, o aluno aprofunda os conhecimentos adquiridos no ciclo
e constrói novas competências com a introdução das disciplinas de
Ciências Sociais, Ciências Naturais e Educação Visual e Ofícios. Neste
ciclo, o aluno aprende a usar a língua como instrumento de
comunicação, de acesso à ciência e de intercâmbio social e cultural,
fazer cálculos com rapidez, a interpretar as transformações políticas,
sociais e económicas da sociedade, a interpretar cientificamente factos
e fenómenos naturais e expressar-se através de diferentes formas de
arte, bem como outras atividades práticas e tecnológicas. Ainda, neste
ciclo, a escola tem a função de estimular o aluno a conhecer e a
entender as diferenças sem preconceito, a ser tolerante, honesto e
solidário. (Idem, 2020, p.18)
Segundo o Programa do ciclo, e 7ªclasses (INDE, 2015) a avaliação o
ensino-aprendizagem da disciplina de Português deve incidir na habilidade de
ouvir; falar; ler e escrever. Em relação a escrita, o professor deve procurar
saber se cada aluno é capaz de: Copiar textos com boa caligrafia e respeitando
às regras de pontuação e acentuação; escrever textos ditados; legendar
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
168
imagens; escrever textos com sequência lógica e respeitando às regras de
pontuação e acentuação; produzir, por escrito, frases com estruturas
linguísticas diversas.
Metodologia
Métodos corresponde a um conjunto concertado de operações que são
realizadas para atingir um ou mais objectivos, um corpo de princípios que
presidem a toda a investigação organizada, um conjunto de normas que
permitem seleccionar e coordenar as técnicas. Os métodos constituem de
maneira mais ou menos abstracta ou concreta, precisa ou vaga, um plano de
trabalho em função de uma determinada finalidade (Madeleine Grawitz, 1993).
A utilização de métodos quantitativos está essencialmente ligada à
investigação experimental ou quasi-experimental o que pressupõe a
observação de fenómenos, a formulação de hipóteses explicativas desses
mesmos fenómenos, o controlo de variáveis, a selecção aleatória dos sujeitos
de investigação (amostragem), a verificação ou rejeição das hipóteses
mediante uma recolha rigorosa de dados, posteriormente sujeitos a uma
análise estatística e uma utilização de modelos matemáticos para testar essas
mesmas hipóteses. A presente pesquisa foi conduzida segundo uma estratégia
experimental, que buscou perceber como os factores socioeconómicos afectan
a aptidão das crianças para aprender a ler, escrever e efectuar cálculos no
ensino básico. Participaram da pesquisa 500 alunos da Terceira a Quinta
classes das Escolas Primárias Completas do Munícipio da Beira em
Moçambique. A tabulação ou tratamento dos dados foi feita com base no
programa SPSS 24, utilizando-se a estatística descritiva (medidas de tendencia
central e medidas de dispersão) e a estatística inferencial para testes
estatísticos das hipóteses.
Resultados
Em termos gerais, os testes submetidos aos estudantes permitiram apurar que
os alunos apresentam uma pontuação média de 8 a 12 valores, num intervalo
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
169
de 0 á 20. O que revela uma classificação Má. Em termos comparativos, a pior
pontuação foi observada nos lculos com uma pontuação de 7,82. Entretanto,
nas dimensões de leitura e escrita constatou-se que os alunos obtiveram uma
pontuação equivalente a 8,18 e 8,36, respetivamente, conforme ilustra o gráfico
abaixo.
Gráfico: Desempenho nas competências (de 0 á 20)
Fonte: Pesquisa, autor.
a) Competências na Leitura
A pesquisa apurou que do total dos alunos sujeitos aos testes, 57% (33)
mostraram-se incapazes de ler, tendo obtido uma pontuação abaixo de 10
pontos. Concretamente, os testes realizados apuraram que a maior parte dos
alunos da 5a Classe, submetidos ao teste de leitura, não conseguiram ler a
maior parte das palavras. Mostrando dificuldades básicas na conjugação
silábica. O estudo permitiu ainda apurar que cerca de 22% (13) dos alunos
apresentou um domínio razoável da leitura, tendo-se mostrado incapazes de ler
todas palavras com dicção aceitável, tendo sido a sua leitura caracterizada pelo
desrespeito a pontuação e a acentuação. Por sua vez, do total dos alunos
envolvidos no estudo, apenas 21% mostrou possuir boas habilidades de leitura,
dos quais 9% mostraram-se excelentes leitores. Conforme ilustra o gráfico
abaixo.
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
170
Gráfico 1: Competências de leitura
Fonte: Pesquisa, autor.
Quando confrontados com os resultados acima, os especilaistas do Ensino
Básico afirmaram ter conhecimento de que os estudantes do Ensino Básico
apresentam dificuldades de leitura. E argumentaram que entre os factores que
negativamente mais contribuem paga esta realidade, são as condições fisicas e
materias das salas de aulas e a falta de acompanhamento dos pais e
encarregados de educação no processo de aprendizagem.
Em relação as condições fisicas e materias das salas de aulas, os especialistas
destacaram a inexistência de meios visuais capazes de complementar a
aprendizagem da leitura. Os mesmos, destacaram ainda que o número elevado
de alunos representa também um dos factores que interferem negativamente
no ensino e aprendizagem da leitura. Segundo os especilaistas, o facto de as
turmas apresentarem um número excessivo de estudantes, esta realidade
torna impossível fornecer uma atenção orientada para cada um dos
estudantes, levando com que os professores sensibilizem os encarregados de
educação para que acompanhem e participem do processo, incentivando os
seus educandos a ler. Este posicionamento foi expresso por um dos
especialistas, nos seguintes termos: É um triângulo, o encarregado de
educação, o aluno e o professor. Todos estes devem estar envolvidos para
garantir bons resultados do aluno. Se um desses elementos não esta envolvido
consequentemente o resultado pode não ser desejável.” (Dina, R3
1
).
1
Dina, R3 Entrevista com Especialista Dina, Resposta 3
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
171
Ainda na falta de acompanhamento dos pais e encarregados de educação, os
especialistas evidenciaram-se a irresponsabilidade dos pais e encarregados de
educação, para com o seu educandos. Na medida que, a maior parte dos
encarregados não participam dos diversos encontros para tomar conhecimento
do progresso do seu educando. Conforme foi fundamentado por um dos
professores, nos seguintes termos: “os pais e encarregados de educação não
têm vindo para escola para saber da situação do seu educando e o professor
acaba por não dar atenção ao aluno que o encarregado não tem comparecido.
Outros pais e encarregados de educação deixam os alunos no primeiro dia de
aulas e não comparecem mais a escola.” (Catarina, R4
2
).
b) Competências da Escrita
À semelhança das competências de leitura, pesquisa apurou que a maior parte
dos alunos, cerca de 30 (52%) não sabem escrever, este grupo de alunos não
conseguiu escrever corretamente a maior parte das palavras ditadas. Por sua
vez, apenas 26% mostraram-se capazes de escrever corretamente as
palavras, dos quais 5% sem qualquer tipo de erro relevante. Importa também
destacar que os restantes 22% dos alunos apresentou erros aceitáveis,
caracterizada pela ausência de algumas letras em algumas palavras, contudo
mostraram-se capazes de ler corretamente a maior parte das palavras.
Conforme ilustra o gráfico abaixo.
Gráfico: Competências na escrita
Fonte: Pesquisa, autor.
2
Catarina, R4 - Entrevista com Especialista Catarina, Resposta 4
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
172
Em relação aos fatores que interferem negativamente no processo de ensino e
aprendizagem da escrita, observou-se que se correlacionam aos mesmos
fatores destacados na leitura. Tendo os especialistas evidenciado as condições
fisicas e materias das salas de aulas. Tendo salientado que o problema com
relação as condições fisicas das salas de aulas encontra-se acoplada a falta
de materiais didáticos para o ensino de escrita, tais como cartazes do alfabeto
entre outros. Segundo os especialistas, a ausência destes meios condiciona o
aprendizado dos alunos do nível básico, na medida que esses materiais
didáticos funcionam como instrumentos de comunicação professor e o aluno,
e, é atraves destes que os alunos são dotados de capacidades e habilidades
para se comunicarem oralmente e por escrito. A sua utilização permite
desenvolver competências que os alunos possuem para a iniciação da
escrita, assim como desenvolver outras habilidades e assegurar a valorização
dos conhecimentos que estes materiais didacticos vinculam.
Os entrevistados destacam também o papel da família no processo de
aprender a escrever, ou seja, a família é aquela responsável legal pela
criança/aluno, e cabe a ela zelar pela formação da cidadania da criança/aluno
juntamente com o Estado. De facto, a família é o primeiro contacto que o
indivíduo tem com o mundo. Nesse sentido, os primeiros conhecimentos
adquiridos provem da família, sendo responsáveis pais, mães, tios, irmãos etc.,
e também aqueles que cercam a sua casa e o seu quotidiano, sendo os
vizinhos, amigos, colegas etc. Dai a criança é inserida na escola, onde começa
a sua formação.
c) Competências nos cálculos (aritmética)
Conforme destacado, a dimensão dos cálculos apresentou os piores
resultados. A pesquisa apurou que 77% dos alunos sujeitos ao teste obteve a
pior classificação (Mau), está constatação está diretamente associada com o
facto dos mesmos terem sido incapazes de realizar cálculos relativos a
aritmética, recordar que o teste teve em consideração a avaliação da adição,
subtração, multiplicação, divisão e resolução de problemas. Em termos gerais,
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
173
os alunos apresentaram mais dificuldades na resolução de problemas e na
divisão. Contudo, 14% dos estudantes submetidos aos testes apresentou bons
resultados. Sendo que, 9% dos entrevistados também apresentou resultados
positivos, mas com algumas dificuldades na resolução dos problemas. Veja o
gráfico abaixo, onde consta a distribuição do desempenho dos estudantes nos
cálculos.
Gráfico: Competência em cálculos
Fonte: Pesquisa, autor.
Quanto a aprendizagem dos cálculos, os especialistas evidenciaram como
elementos que mais interferem, o ambiente na sala de aulas e recursos
didacticos facilitadores na comprensão da materia. Assim os entrevistados
destacaram, a falta de salas preparadas para o decurso das actividades e
práticas de ensino de cálculos, tais como objectos geometrcos, tabuadas nas
paredes e números pelos cantos, entre outros recursos capazes de motivar o
aluno a criar interresse pelos numeros e consequentemente pelos cálculos. Os
entrevistados de modo geral consideram que a falta desses materiais didáticos,
como, livros, cartazes dos algarismos, “bolinhas”, “pauzinhos” que facilitem a
adição e a subtração dos números naturais, comprometem o aprendizado de
cálculos dos alunos do nível básico.
Conclusões
O Sistema Nacional de Educação em Moçambique (SNE), em particular o
ensino primário, está estabelecido sob princípios que pressupõem a aquisição
de competências de leitura e escrita, de contagem de números e realização
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
174
das operações elementares de matemática. Contudo, verifica-se um conjunto
de obstáculos que interferem neste processo. Entre eles, destaca-se o fraco
envolvimento dos encarregados de educação no processo de ensino e
aprendizagem dos seus educandos, assim como a escassez de ferramentas
didáticas direcionadas a complementar o processo de aquisição destas
competências previstas para o ensino sico. Segundo a opinião dos
especialistas inquiridos, a escassez de recursos didaticoss nas salas de aulas,
o elevado número de estudantes na sala de aula, e a falta de acompanhamento
dos pais e encarregados de educação no processo de aprendizagem,
constituem os principais fatores que contribuem para o insucesso no alcance
das competências de leitura e escrita, de contagem de números e realização
das operações elementares de matemática.
Especificamente, a pesquisa permitiu apurar que, parte significativa dos alunos
sujeitos aos testes, concretamente de 77%, são incapazes de realizar cálculos
relativos a aritmética básica, que inclui a adição, subtração, multiplicação,
divisão e resolução de problemas. Relativamente a leitura e escrita, apurou-se
que a maior parte dos alunos, ou seja 52% dos alunos não sabe escrever e
57% mostraram-se incapazes de ler. Estes resultados representam um
panorama que concorre para o incumprimento dos planos estabelecidos à luz
da Agenda Nacional para Educação em Moçambique, na medida, que
demonstram, de forma inequívoca, a incapacidade de alcançar os
pressupostos basilares previstos no Plano Estratégico da Educação para os
anos de 2020-2029, onde se destaca como um dos principais objetivos
estratégicos na educação do Ensino Básico, garantir a aprendizagem de
qualidade no que se refere as competências de leitura, escrita, cálculo e
habilidades para a vida.
Em termos de generalização da pesquisa, importa destacar que a pesquisa se
centrou numa unidade de ensino situada numa zona periurbana, logo,
assumindo que, em Moçambique, as zonas rurais representam a região mais
desfavorecida, pode-se concluir que a generalização dos resultados da
presente pesquisa sugere um cenário mais preocupante. Dado que, o processo
de aquisição das competências nas escolas situadas nas zonas rurais, onde as
condições das infraestruturas são relativamente inferiores, em comparação a
zona urbana, e agregando o facto de os encarregados tenderem a ser
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
175
indivíduos com limitações, em termos de recursos, para acompanhar a
aprendizagem dos seus educandos, logo pode-se concluir que o processo de
aquisição das competências nas zonas rurais é revestido de muito mais
obstáculos, intrinsecamente associadas a realidade rural.
Em jeito de sugestão, a pesquisa recomenda que as entidades governamentais
reforcem o investimento na educação, de forma a garantir que existam
condições materiais para complementar o processo de ensino e aprendizagem
e permitir o alcance dos objetivos estratégicos na educação do ensino básico,
isto é, garantir a aprendizagem de qualidade no que se refere as competências
de leitura, escrita, cálculo e habilidades para a vida. Sugere-se ainda, a
necessidade de desenvolver mais estudos que permitam a influência dos
encarregados na aquisição de competências de leitura, escrita e cálculos nas
crianças. Por fim, recomenda-se que a revisão das estratégias de ensino seja
precedida por diagnósticos alargados sobre os fatores que interferem na
absorção de competências de leitura, escrita e cálculos no ensino básico.
Referencias Bibliográficas
Alencar, B. H. P. D. S., De França, A. P., & De Sousa, M. D. S. C. (2021,
Outubro). Leitura e Escrita: Desafios e Possibilidades no Ensino
Fundamental - Anos Iniciais / Reading and writing: Challenges and
possibilities in elementary school - early years. ID on Line. Revista de
psicologia, 15 (57), 502512.
https://doi.org/10.14295/idonline.v15i57.3237.
Cabral, M. D. P. C. (2018). A integração do jogo como recurso didáctico no
ensino e na aprendizagem do cálculo mental numa turma do ano do
ensino básico. [Dissertação de mestrado, ISEC - Instituto Superior de
Educação e Ciências]. Lisboa.
Carmo, H. & Ferreira, M. M. (2008). Metodologia de Investigação: Guia para
Auto-aprendizagem. (2ª ed.). No 147. Universidade Aberta.
Gil, A. C. (1989). Metodos e técnicas de pesquisa social. (2ª ed.). São Paulo:
Atlas.
Gil, A. C. (2002). Como elaborar projectos de pesquisa. (4ª ed.) São Paulo:
Atlas.
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
176
Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes. (2a ed.). Petrópolis:
Vozes.
Gomide, P. I. C. (2006). Inventário de estilos parentais: modelo teórico, manual
de aplicação, apuração e interpretação. (1a ed.). Petrópolis: Vozes.
Gonçalves, C. M. D. A. (2014). As competências literácitas no ensino básico.
Aprendizagens (im)perfeitas em escrita e leitura. [Tese de doutoramento
em letras, Universidade da beira interior]. Portugal.
Grawitz, M. (2015). Méthodes des sciences sociales. Paris: Dalloz.
Hakim, C. (2000). Research design: successful designs for social and economic
research. (2nd ed.). London: Routledge.
Lima, M. D. S. & De Sousa, L. Q. (2017, 22 de Novembro). As dificuldades de
aprendizagem de leitura e escrita no ensino fundamental e o seu contexto
escolar. Revista Científica Semana Académica - ISSN 2236-6717.
Fortaleza, nº. 000116. Disponível em:
https://semanaacademica.org.br/artigo/.
Malhotra, N. (2001). Pesquisa de marketing. (3ª ed.). Porto Alegre: Bookman.
Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. (2015). Programas do
Ensino Primário. Maputo.
Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. (2020). Plano Curricular
Do Ensino Primário: Objectivos, Politica, Estrutura, Plano de Estudo e
Estratégias de implementação. Maputo.
Ministério Da Educação. (2003). Plano Curricular Do Ensino Básico. República
De Moçambique.
Prodanov, C. C., & De freitas, E. C. (2013). Métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho
cientifico. 2ª edição. Novo Hamburgo: Feevale.
Rangel, M. & Machado, J. D. C. (2012). O papel da leitura e da escrita na sala
de aula: estratégias de ensino para dinamização dos processos de leitura
e escrita. Universidade Federal Fluminense UFF. Anais do SIELP, vol.
2, n01. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237- 8758.
Saunders, M., Lewis, P., & Thornhill, A. (2009). Research methods for business
students (5th ed.). Pearson.
Serrazina, L. (2002, 1 de Setembro). Competência matemática e competências
de cálculo no 1º ciclo. Educação e Matemática, vol. 69, pp. 57-60, Instituto
Politécnico de Lisboa.
https://www.researchgate.net/publication/260980012.
Tashakkori, A. & Teddlie, C. (2003). Hand book of Mixed Methods in Social and
Revista científica electrónica de Educación y Comunicación en la Sociedad del Conocimiento
Publicación en línea (Semestral) Granada (España) Época II Vol. 24 (1) Enero-Junio de 2024 ISSN: 1695-324X
https://revistaseug.ugr.es/index.php/eticanet
DOI: http://doi.org/10.30827/eticanet.v24i1.28857
177
Behavioural Research. Thousand Oaks, CA: Sage.
Toni, C. G. S. & Hecaveí, V. A. (2014). Relações entre práticas educativas
parentais e rendimento académico em crianças. Psico-USF, Bragança
Paulista, vol. 19, no 3, p.511 -521.